
Confira abaixo, trecho do primeiro capítulo:
Apresentação do testemunho
Serão estas páginas um dia publicadas? Não sei. É provável, em todo caso, que por muito tempo elas só sejam conhecidas fortuitamente, à exceção dos que me cercam. Mesmo assim, resolvi escrevê-las. O esforço será pesado: como seria mais cômodo ceder aos conselhos do cansaço e do desânimo! Mas um testemunho só vale quando tomado em seu frescor primeiro, e não quero crer que este há de ser completamente inútil. Virá o dia, cedo ou tarde, tenho a fi rme esperança, em que a França verá brotar novamente, em seu velho solo abençoado por tantas colheitas, a liberdade de pensamento e de julgamento. Então, os dossiês escondidos serão abertos; as brumas, que em torno da derrocada mais atroz de nossa história começam a acumular ora a ignorância, ora a má-fé, pouco a pouco se desvanecerão; e os pesquisadores ocupados em escrutá-los quem sabe tirarão algum proveito ao folhear, se puderem descobri-lo, este relatório do ano de 1940. Não relato aqui as minhas lembranças. As pequenas aventuras pessoais de um soldado entre tantos têm, neste momento, pouquíssima importância, e temos outras preocupações bem além das graças do pitoresco ou do humor. Mas um testemunho precisa de um estado civil. Antes mesmo de relatar o que vi, seria conveniente dizer com que olhos vi. Escrever e ensinar história: este é, há quase 34 anos, o meu ofício. Ele me levou a folhear muitos documentos de épocas diversas para fazer, o melhor que pudesse, uma triagem entre o verdadeiro e o falso; e também a olhar e observar muito.Apresentação do testemunho
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