• Prof. Carlos Augusto Pereira dos Santos Possui Graduação em ESTUDOS SOCIAIS pela Universidade Estadual Vale do Acaraú - UVA (1990), Mestrado em História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ (2000) e Doutorado em História Do Norte e Nordeste do Brasil pela Universidade Federal de Pernambuco - UFPE (2008). Atualmente é Professor da UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAU - UVA. Leciona as disciplinas de Historiografia Brasileira e História do Brasil I e II. É tutor do Programa de Educação Tutorial - PET HISTÓRIA/UVA. Tem experiência na área de História, com ênfase em História do Brasil, atuando principalmente nos seguintes temas: militancia comunista, ditadura, cotidiano, cultura e trabalhadores urbanos. conheça o grupo de pesquisa Cidade, Trabalho e Poder. Clique Aqui
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População indígena cresceu 6% em 10 anos

19.04.2012

Indios Tremembés de Almofala-CE. Foto:acarauonline.blogspot.com
Ceará soma, segundo o IBGE, 19.336 índios; Funai questiona, diz que o número é bem maior e já chegaria a 30 mil

Dançar o torém, comer "grolado" de tapioca com peixe, viver da agricultura de subsistência e em contato com a natureza. Isso é ser indígena? É bem mais, é se declarar com orgulho. E muitos já perderam a vergonha de se afirmarem como tal. A boa nova de hoje, Dia do Índio, é que a população autodeclarada cresceu 6% em dez anos, conforme os dados censitários do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) entre 2000 e 2010. É o 5º maior crescimento proporcional do País, o 2º do Nordeste.
Segundo o último censo, 817 mil pessoas se autodeclararam indígenas, o que significou um crescimento de 11,4% em uma década (84 mil), bem menos expressivo que o período entre os anos de 1991 e 2000, de aproximadamente 150% (440 mil).
O Ceará soma, segundo os dados do IBGE, 19.336 índios, em apenas dez municípios: em Fortaleza (3.071), Caucaia (2.706), em Itarema (2.258), Maracanaú (2.200), Monsenhor Tabosa (1.934), Poranga (1.173), Pacatuba (744), Crateús (613), Itapipoca (403) e Juazeiro do Norte (355). Com etnias variadas, representam apenas 0,2% da parcela populacional do Estado e 2,4% da população autodeclarada do País. O Ceará está em 15ª colocação no ranking nacional.
Segundo o Censo de 1991, em 34% dos municípios brasileiros, residia pelo menos um indígena. Já no Censo de 2000, percentual cresceu para 63% e, de acordo com o Censo 2010, chegou a 80% das cidades do País.
Entretanto, a Fundação Nacional do Índio (Funai) questiona os recentes dados do IBGE, diz que estão defasados, não representam a realidade. Para Weibe Nascimento, assistente técnico da Coordenação Regional de Fortaleza na Funai, a comunidade soma quase 30 mil integrantes, organizados em 14 povos e em cerca de 19 municípios.
"A cada dia, nossa população indígena cresce mais. As pessoas estão com menos vergonha de se afirmarem como índio, têm mais orgulho das origens, acessam mais as políticas públicas de educação e saúde. Desafios existem sim, mas temos muitos avanços, graças à organização e luta dos grupos", afirma Weibe.
De acordo com ele, o maior entrave para a conquista de direitos ainda é a regularização fundiária e a dificuldade de manutenção da terra. Segundo Weibe, apenas três terras foram homologadas no Ceará, apenas uma demarcada (Córrego de João Pereira em Itarema), duas identificadas e delimitadas e cinco em processo de identificação e delimitação. Há, segundo o assistente da Funai, demanda real para identificação e delimitação de novas 19 terras.

Identidades

A etnias mapeadas hoje pela Funai são: Tremembé (Acaraú, Itarema e Itapipoca), Anacé (Caucaia e São Gonçalo do Amarante), Tapeba (Caucaia), Pitaguary (Maracanaú e Pacatuba), Jenipapo-Kanindé (Aquiraz), Kanindé (Aratuba e Canindé), Tapuia (Monsenhor Tabosa e Tamboril), Potyguara, Tabajara, Kalabaça, Kariri e Tupinambá (Crateús), Tapuya-Kariri (São Benedito), Tabajara e Kalabaça (Poranga), Potyguara (Crateus e Novo Oriente), Tabajara (Quiterianópolis e Monsenhor Tabosa) e também os povos Kariri (Crato).
Em Fortaleza, apesar de nenhum povo estar catalogado, há presença ainda de tribos em Paupina, Messejana, segundo declarou o tapeba Nailton Ferreira. "É muito difícil manter um grupo organizado na cidade com a especulação imobiliária crescente. Nosso povo tem como marca, a resistência, a vontade de sobreviver. Isso nos motiva", conta.
Sobre a inserção na vida moderna, da grande Capital, o tapeba fala que é simples: "a gente não deixa de ser índio por estar envolvido em outra cultura. Mais se agrega conhecimento do que se afasta. Continuo dançando o meu torém enquanto vivo com o branco", diz o Nailton.

IVNA GIRÃO
REPÓRTER

OPINIÃO DO ESPECIALISTA

O momento é de retomada e de autoafirmação

Cada vez mais, o povo índio do Ceará tem orgulho de se declarar como tal. O cenário mudou muito nos últimos tempos, antes não era assim. Hoje, temos um movimento bem forte e organizado, feito dentro das comunidades e com as demandas reais. Os programas sociais de acesso à saúde e à educação, principalmente, estimularam essa afirmação. Com a organização social e a clareza das pautas, estão surgindo avanços, apesar de ainda haver muitos entraves e brigas por terras.
O problema é que muito já se perdeu de identidade. Tínhamos, nos primórdios dos tempos, uns 42 grupos. Maioria deles já se perdeu no tempo, não temos mais registros e relatos. A luta, agora, é por memória, por recuperação das origens para construção de um futuro mais sólido. Já teve um tempo que documentos, do século XIX, disseram que não havia mais índio no Ceará. Acreditam? Hoje é novo tempo, bem mais otimista.

Maria Amélia Leite
Missionária indigenista da Missão Tremembé 
 
Fonte: Diário do Nordeste. 19/04/2012

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