Repassando cara do colega Aldrin Castellucci sobre as condições em que se encontra o APEB - Arquivo Público do Estado da Bahia. Enquanto isso, dorme em algum lugar nosso projeto, do Curso de História da UVA e de outros amigos que participam do Grupo de Estudo sobre o Arquivo Público de Sobral. Leia na íntegra a carta abaixo:
Arquivo Público da Bahia. Foto: dimitriganzelevitch.bl... |
À Diretoria da Associação
Nacional de História – ANPUH-Seção Bahia
C/C: Presidente da
Associação Nacional de História – ANPUH-Brasil
Caros colegas,
Há três anos, acompanho, com estarrecimento,
o total e absoluto descaso com o qual o Governo do Estado da Bahia vem tratando
os graves problemas pelos quais está passando o Arquivo Público do Estado da
Bahia (APEB). Como é sabido por todos os pesquisados da área de História que
moram nesta terra ou que a visitam a trabalho, o APEB está há três anos com
suas instalações elétricas em curto, infiltrações em várias de suas
dependências e seríssimos problemas de humidade, que estão deteriorando, a
passos acelerados, o importantíssimo acervo sob a guarda daquela instituição. A
antiga sala de pesquisa, mais ampla e com capacidade de receber um número maior
de pesquisadores, teve que ser fechada por falta de condições de uso. Não havia
mais como ligar as luzes ou o sistema de ar condicionado. Agora, quem quiser,
pode tentar uma mesa no minúsculo cômodo para o qual os oficiais da história
são encaminhados para consultar seus documentos. É comum que alguns colegas
fiquem do lado de fora à espera que alguém saia para ocupar uma das poucas
mesas disponíveis no cubículo inóspito.
Por outro lado, o Governo do Estado da Bahia
despendeu e continua a despender milhões de reais na montagem de infraestrutura
e com o pagamento de cachês vultosos aos integrantes das bandas de pagode e de
axé, antigos bajuladores do carlismo que agora declaram amor a Jaques Wagner,
ou melhor, ao cobre guardado no Tesouro da Bahia. Dentro da mesma lógica,
professores da educação básica estadual que reivindicaram melhorias em seus
salários e em suas condições de trabalho foram tratados com truculência, cortes
de salários, demissões e toda sorte de perseguições. Nas universidades
estaduais baianas a situação ainda é de orçamento tão apertado quanto no triste
tempo do carlismo, mas agora há um fato novo: o Governo não apenas manteve o
arrocho salarial contra os docentes e o arrocho orçamentário contra as
instituições estaduais de ensino superior da Bahia, como ampliou a intervenção
na gestão de seus parcos recursos, numa clara violação do princípio constitucional
que assegura autonomia à instituição universitária, previsto tanto na Constituição
Estadual quanto na Federal.
O conjunto desses absurdos demonstra que nada
mudará se as entidades de defesa da educação, da cultura e dos educadores não
fizerem um enfrentamento contra esse Governo. No caso específico do APEB,
reivindico que a ANPUH tome as providências cabíveis, inclusive no âmbito
legal, com vistas a forçar o Governo a realizar as obras necessárias naquela
instituição. Sugiro que o Ministério Público seja acionado e instado a cobrar
do Governo a realizar, imediatamente, as reformas urgentes que o APEB
necessita. Além disso, seria de bom alvitre que outras entidades profissionais
pertinentes fossem contatadas e instadas a cerrar fileiras em torno de uma
pauta comum.
Colegas, ou lutamos ou não apenas o APEB
ficará nas trevas!
Aldrin Castellucci
Professor Adjunto de História do Brasil
Universidade do Estado da Bahia – UNEB
Matrícula 74.417470-9
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